O bom das férias em família
Bom,
parece título de filme americano. Mas não é.
Não agora. Férias em família é uma coisa complicada e não é. Vai
depender da sua fase etária, se é ou não o anfitrião ou ainda a hierarquia
dentro do âmbito familiar.
Os
pais ficam muito eufóricos e animados para reencontrar aquele tio ou tia que
não se falam há algum tempo, porque adultos quase não se comunicam com os
parentes pelo telefone, senão quando alguém parte dessa para outra ou para
fofocar do casamento de sicrana o beltrano. Aí quando chegam é abraços, tapas
nas costas, beijinhos. Os homens vão falar do preço da gasolina, do carro, do
chefe... As mulheres falam do cabelo, do corpo, da tiazona que ganhou ou perdeu
quilos, da vizinha ou colega de trabalho..
Para
as crianças, férias em famílias é mais que divertida. Primeiro porque elas só
descobrem para onde estão indo quando estão chegando. Depois, são “esquecidas”
ou “ignoradas” propositalmente pelos pais e isso é quase um salvo conduto para
pintarem o sete na casa dos anfitriões, para desespero de quem está esperando.
Logo que descem, os pirralhos já fazem uma varredura de todo o espaço geográfico
do ambiente. Canto por canto, em cima, embaixo, por dentro, por fora. Olham,
pegam, cheiram, perguntam, espantam o gato, apertam o cão. O pior que sempre
querem ir aonde não podem ir, fuçar onde não podem. Querem entrar nos quartos, mexer
nas gavetas, entrar nos armários, abrir a geladeira. E os pais nem se importam
com o que os seus pequenuchos aprontam. Férias com a família é mais que isso. É uma missão ultrassecreta no qual forças alienígenas devem ser combatidas e todo tiozão ou tiazona estranha tem um etê do mal incubado e que deve ser combatido.
Os tipos que mais detestam as férias em
família são os adolescentes. Não é a toa que vez ou outra são confundidos e chamados
de “aborrecentes”. No pensamento deles tudo é cafona e nada está bom. “Mó mico,
véi, esse negócio de férias em família”. Por isso que geralmente estão
afastados dos demais seres familiares. Geralmente, procuram uma árvore e se
acomodam sob ela com fones nos ouvidos e cara no celular. Fazem cara feia se
alguma tia ou tio se aproxima. Respondem aos cumprimentos efusivos dos parentes
com monossílabos e resmungos, fogem dos abraços e beijinhos das tias e quando
são chamados para o rango vem se arrastando como se estivessem sendo levado
para o matadouro. Aí tem aqueles tios que passaram por essa fase e querem zoar,
danam a perguntar pelos namoradinhos ou namoradinhas da escola.
Quanto
aos jovens da família, estes dificilmente aparecem. Principalmente por três motivos:
Primeiro porque já estão tomando rumo da própria vida. Segundo porque querem
fugir das peraltices das crianças e terceiro, para evitar perguntas do tipo: “E
aí, quando vai se casar?” “Já arrumou emprego? Vai ganhar quantos?” ou
afirmação do tipo “Eu na sua idade já era isso ou aquilo...”
Mas
o melhor das férias em família é a família e suas histórias.
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