Buritis, socorra suas escolas!
De
tantas coisas para se preocupar, o prefeito devia olhar para a Educação com um pouco mais de
carinho e paixão. Apesar de que falar de paixão na educação já é até muito
fantasioso, coisa de titia mesmo. A coisa ainda está feia nas escolas,
Excelência.
A
gente sabe que a opinião pública poucas vezes é favorável à classe dos professores.
E continuará sendo porque poucos professores se alienam do mundo para viverem
confinados à quatro paredes pontuadas. Hoje, no Brasil, quando uma pessoa decide
ser um professor ou professora, ela sabe que está renunciando-se a si mesma
para ajudar multidões de grandes e pequenos. Vai lutar por todos muitas vezes
sozinha. Passará noites em claro, rolando pela cama pensando no sucesso de outros tantos. Muitos dos quais já a esqueceu. Verá seu
salário minguando mês após mês, sob a afirmativa de que ganha bem. Para alguns, se tornará uma pobre coitada que se dedica ao magistério para não passar fome; para outros, alguém que chora de “barriga cheia”. É assim que será. Um D. Quixote lutando
contra os moinhos de vento. Será só o “professor”.
Quantas
professoras se tornam mães, tias, irmãs, protetoras de seus pequenos adotados todo ano novo letivo... Ainda
assim são tachadas de monstros, ofendidas caladas, só porque laboram com os livros.
Por quê? Porque nossa comunidade não gosta dos livros. Ela quer a bola, a
novela. Ela quer o vazio entorpecido das letras bêbadas cantadas que fazem suas
danças sensuais no colorido das trevas.
Professor
não é mais e nem menos que ninguém. Somos todos iguais. Porém, é com eles que
os vossos filhos passam mais de um sexto do dia. É com eles que descobrem que
letras falam mais que ameaças da força e do dinheiro. Quantos bilhetinhos e
desenhos os filhos riscam e rabiscam para seus pais... Quantas cartinhas,
frases, riscos e rabiscos que levam um pedacinho do coração deles para Deus e o mundo... Talvez a única manifestação de carinho que o professor receberá durante o dia.
Será
que os professores são mesmo estes monstros folgados que a sociedade pinta para nossos
filhos? Tanto que quando vão para a escola pela primeira vez sofrem tanto os
pobrezinhos. Enquanto seus pais se sentem seguros os deixando na
escola com os professores! Vão para seus afazeres em paz, com a mente tranquila.
Muitos até esquecem os próprios filhos na escola. Sim, esquecem. Porque muitas
vezes a escola faz mais que seu papel de escola.
Porém,
as ordens chegam. Cumpram-se rigorosamente. As crianças precisam de escola,
salas de aulas para todas. Desalojem-se. Nossos administradores acham que
educação é encher uma sala mal iluminada, mal arejada, com crianças e colocar lá
um professor, quadro, cadernos, lápis. Pronto. A aprendizagem vai funcionar. Funciona.
Aparentemente.
Salas
apertadas. Seis ventiladores, dos quais apenas três funcionam e um ainda
ameaçando desabar na cabeça de alguém a qualquer hora. Ventiladores assoprando
sobre brasas. Mas nossos políticos e apadrinhados trabalham em salas
refrigeradas, com cafezinho ou suquinho natural. Se o ar-condicionado estraga é
um deus-nos-acuda. Já o professor, se quiser tomar cafezinho que pague... ou leve
de casa. Prédios clamando por uma reforma. Nossas escolas não têm jardim, não
tem flores. As borboletas não vêm aqui, pois nossas escolas parecem depósitos
de crianças. O sabiá não gorjeia aqui como gorjeia lá...
As
escolas buritisenses não têm parquinhos, não tem brinquedos. E é tão bom
brincar...
Prefeito, tenha pena! Tenha
dó! Nossas escolas precisam mais de que muros, elas precisam de quintais. Um grande
quintal com plantas e brincadeiras. A escola, a casa, a família. Prefeito, olhe para nossas
escolas, olhe para nossas crianças. Mas não olhe apenas com olhos de prefeito,
não. Olhe com os olhos de pai, de um amigo ajudador, sobretudo. Não queremos piedade. queremos responsabilidade com eficiência.
Buritis, socorra nossas escolas!
Cansado dessas escolas que, muitas vezes, só
machucam. Cansado...
Comentários
Postar um comentário