Minha filha quer uma planta carnívora. E agora?
Desde
que leu em um livro escolar de quarto ano sobre umas tais plantas que, para se
vingar dos vegetarianos e veganos, se alimenta de proteína animal, minha
pequena cismou de querer uma dessa plantas. Todo dia na minha cabeça: “Pai,
quero uma planta comedora de bicho”.
Os
dias passaram, vieram as chuvas e aumentaram os buracos nas ruas e estradas das
adjacências do Candeias, mas a menina não esquece do mato que devora bicho.
Aff! Fomos a uns comércios aqui que vendem plantas, porém nada das florzinhas
exterminadoras de vida animal.
Aí
apareceu por aqui uma exposição de Flores do Deserto. Visitamos o local,
olhamos , perguntamos, mas não tinha. Vai ver que a escassez de vida animal no
deserto extinguiu essas maravilhas carnívoras neste tipo de ambiente.
Disse:
“Filha, esquece esse negocio de mato que come bicho, aqui vamos de cactos, orquídeas,
rosas. São do bem.”
Não
teve jeito.
Mas
aí apareceu aqui uma feira de flores. Holambra. Uma mistura híbrida de Holanda
com Brasil. Minha menina descobriu que lá tinha as plantas carnívoras. Foi no
Whatsapp e ainda disseram: “Venha logo porque está acabando.” Pressão pura. Minha
pequena não me deu mais sossego até abalarmos pra lá.
Img: Egly/Feira de Flores em Buritis/Holambra |
Ao
chegar ao local, já encontro um colega professor que alguns afirmam ser índio. Eu
não cria ser ele índio, mas aí hoje vendo ele ali no meio daquele monte de
mato, plantas e ervas, já não sei mesmo se ele é ou não. No Whatsapp, ele sempre posta umas fotos de umas
índias bem apessoadas e que geram até um certo rebuliço no grupo. Não creio que
haja índias daqueles parâmetros em alguma tribo tupiniquim. Não sei. Só estou
falando. Mas deixemos nosso amigo professor índio de tribo não identificada e voltemos
à planta carnívora de Lavínia.
Entre
as prateleiras e bancas de folhas e ramas, nada de encontrarmos a bendita
planta. Por fim, perguntamos a um dos organizadores: “Onde estão as plantas que
devoram bichos?
E
então ele nos apresentou à Dioneia, de sobrenome Carnívora. Uma não. Tinha um
punhado delas ali na mesa. Ainda miudinhas. Todas com a boquinha aberta,
esperando que um incauto mosquito inebriado pelo aroma da tentação, pousasse
para sua eterna perdição. Minha filha já ia colocando o dedo: “Não faça isso,
elas podem te morder, menina.” Disse eu.
Então
compramos a Dioneia Carnívora, para felicidade saltitante da realização do
sonho de Lavínia. Tiramos logo a plaquinha de “planta carnívora” do vasinho
dela. Vai que algum inseto lá em casa é alfabetizado e revela para os outros
quem é a pessoa de Dioneia, nem. Não é bom facilitar as coisas, não. Mosquitos e outros insetos analfabetos, o
terror está chegando às paragens da Olavo Bilac: Dioneia Carnívora vos ensinará
o caminho do além.
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