Reportagem do Balaio revela a verdadeira história do 07 de setembro

No sete de setembro é comemorado o dia da independência do Brasil. O Balaio Buritisense, numa reportagem investigativa, vasculhou a história desse tão famigerado dia e o resultado é de surpreender. A conversa é bem diferente do que vêm nos contando a séculos. Esqueça tudo que te ensinaram na escola. Acredite. Ou não.
De acordo com os fatos apurados e alterados, a coisa se deu da seguinte maneira:
Estava a sua Alteza Real, Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon (resumindo: o D. Pedro I), fazendo suas andanças pelo reino, mais precisamente, na Província de São Paulo, visitando o povo e apreciando sua cultura local, principalmente a culinária.
Em tudo quanto era fazenda ou povoado o príncipe regente dava uma paradinha para fazer uma boquinha. Era um pé-de-moleque aqui, um quindim ali, outro cuscuz acolá, e assim, ia viajando e se deliciando com os quitutes saborosos da terra tupiniquim. Sua alteza real se lambuzava com os toucinhos na farinha, as morcelas estalando na banha de porco, se empanturrava com as linguicinhas defumadas sobre o fogão à lenha, mais empadinhas e curaus. Um marechal avisou:
- Alteza, em boca fechada não entra mosquito.
- Ah, pois, agora vou ficar com a boca bem arreganhada que é pra mode de eu engolir um mosquito. Eita, trem bom, sô!
Nosso real-senhor-das-panças seguia animadinho, cavalgando o seu lindo corcel real de contos de fadas e princesas.
Mas, depois de passar o dia comendo e fazendo mistureira de sabores e odores, aquilo não ia fazer bem pro bucho. Pedrinho começou a sentir um revestrés no pé do ventre, seguido de trovoadas e mais trovoadas que começaram a estremecer as tripas. A cada estrondo de sua alteza, o cavalo real embocava as orelhinhas para trás, meio cismado: “Ê, ê, o que esse cabra vai aprontar no meu lombo, heim?!”
O trote do cavalo começou a revirar tudo lá dentro das tripas e Pedro, pálido, pesaroso e suando frio, percebeu que ia borrar a ceroula real a qualquer momento. Começou, então, a fazer das tripas coração para não escapar o número dois na frente do cortejo de súditos.
O sacolejo do trote do quadrúpede e o trepidar do lombo do corcel iam revirando mais ainda a gororoba dentro da buchada do príncipe, como uma maromba de olaria a todo vapor. Aquilo não prestou. Dom Pedro I, homem de sangue real, dado aos catos e recatos da discrição palaciana, não conseguiu trancar o registro inferior e o piriri desandou.
Foi a maior fedorentina que já se registrou naquela região. O caldo desceu copioso... Os urubus, que naquele momento planavam por sobre aquelas paragens do Ipiranga, tiveram que voar apenas com uma asa, pois com a outra tapavam o nariz que de tão forte foi a inhaca.
O corcel, quando sentiu o caldo morno lhe tocando os lombos garbosos, só deu uma recolhida no couro, mas era tarde, também já estava batizado. Quando os outros cavalos, que seguiam o cortejo do príncipe, sentiram a fedentina e viram o corcel da realeza todo lambuzado de caca real, caíram na rinchada, rindo de forma vingativa: “Bom pra ele que se acha o garanhão da cocheira só porque o Pedro Borra-Calças monta nele. Riririri!”
Todos perceberam a desgraça que se abatera sobre nosso pobre Pedrinho e se esforçavam para disfarçar a treta da mutreta, mas estava difícil. Uns davam risinhos contidos, outros faziam caretas. O Marechal sussurrou-lhe ao pé do ouvido:
- Força, Alteza, tem um riacho logo ali na frente.
D. Pedro, nauseabundo, só murmurava, pobrezinho.
Alcançaram o córrego. Era o bendito riacho Ipiranga. O alazão da realeza nem bem parou e sua alteza real despinguelou para dentro do córrego, sem nenhum centímetro de tecido no corpo e nem pudor. Os lambaris e piabinhas que nadavam placidamente às margens do Ipiranga, tomaram o maior susto da vida deles vendo aquela armação catinguenta baixando no pedaço. Não pensaram duas vezes: nadadeiras pra que te quero!
Pois, então, estava lá, sua majestade se lavando do serviço sujo que o destino ingrato lhe pregara, quando chegou, da capital, um mensageiro com uma cartinha da princesa Leopoldina, dando conta das últimos babados de Portugal. Queriam que Pedrinho juntasse os trapos e voltasse para Lisboa. O marechal gritou de cima do barranco para o príncipe lá embaixo:
- Alteza, temos aqui um papel para vós!
O príncipe regente retrucou amuado, lá debaixo das poucas águas do Ipiranga:
- Depois que me molho todo é que me mandam papel. Quanta indecência e má sorte, imbecil!
O cortejo não entendeu direito o que o príncipe havia dito e um golpista separatista, que estava infiltrado na caravana, berrou a todos os pulmões:
- O príncipe disse: Independência ou Morte! Viva o Brasil!
E toda a turba, entusiasmada, às margens plácidas do Ipiranga, deu um brado retumbante:
- Urruuuuu! Tamo junto, Pedrinho, viva o Brasil!
E foi assim que o Brasil se tornou independente de Portugal.

 Fim.

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