O B.O do crente



Ontem, à noite, vinha mui serenamente caminhando à sombra da noite buritisense um jovem cristão refletindo no sermão sobre os livramentos que Deus dá aos que o temem, e, ao passar por uma rua do setor 02, avistou, em um bar de mulheres, uma senhora sentada displicentemente na varanda, bem do lado da rua que ele vinha. Pelo pouco de luz que saía da porta do bar, o rapaz percebeu que a dona o estava fitando.
Logo pensou: “Isso não vai prestar”. Então atravessou para o outro lado da rua. Mas a mulher viu o moço fazendo essa manobra evasiva e se levantou, vindo para a calçada. O coração dele deu uma acelerada... (hora errada para o coração acelerar). José sendo assediado pela esposa de Potifar.
“Senhor Jesus Cristo, sabe todo aquele papo de livramento do sermão que eu vinha em profunda reflexão? Pois é, está na hora do Senhor operar um na minha vida agora”. – Foi a oração naquele instante no getsêmane do mancebo.
Quando já passava em frente do bar, a mulher começou seu chamado sedutor tal qual a serpente no Éden, impostando uma voz murmurante e aveludada:
 - Ei, psiu, passa pro lado de cá, passa!         
Ouviu a voz da tentação lhe tentando. Estremeceu... (hora errada para estremecer). Firmou os passos, embicou um rumo e deu uma acelerada no andamento... Mas a figura continuava sua chamada:
 - Passa devagar, baby, passa devagar! 
Passar devagar uma ova! Se pudesse ele sairia numa embalada carreira, como o relâmpago que brilha no oriente e se mostra no ocidente. Mas a mistura de medo, curiosidade e tremedeira dos membros inferiores não permitiram a ele tal empreitada sem um arrastar trôpego e cambaleante como um soldado atingido pelos dardos do inimigo.  Teve força. Firmou a caminhada.
Ouviu-a gargalhar a gargalhada do Mal. E uma voz desequilibrada:
- Fica assim não, neném. Eu só sei fazer amor.
Resolveu dar uma mirada na figura que o cobiçava e aí é que apressou os passos e orações para fugir da aparência do mal, que era apavorante. Uma senhora com os cabelos desalinhados, os pés descalços, a blusa menor que o sutiã, short que desaparecia nas gorduras das ancas e pernas, parecia embriagada ou sob efeito de substâncias não lícitas... (Senhor me socorre!).
 Quase que as pernas vacilam novamente e não conseguem tirá-lo dali... Mas aí, veio o livramento. Passou por ele, vindo da direção contrária, um jovem estudante pedalando, distraidamente uma bike. A figura feminina meteu a mão no traseiro dele:
-Que isso, mulher... Tá doida... 
O jovem cristão aproveitou pra dar uma estirada até a esquina da rua.
Saiu daquele beco disposto a fazer um BO urgente: Bíblia e Oração!

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